Quem tem micro e pequenas empresas sabe das dificuldades financeiras enfrentadas frequentemente nos negócios. A possibilidade iminente de uma nova crise está sempre no horizonte e gera insegurança.
Mesmo assim, há a necessidade de se investir constantemente no negócio. A empresa que não investe em si mesma pode perder espaço para a concorrência, ocasionando perdas de negócios e faturamento.
Nesse contexto, constituir reservas financeiras para períodos de crises e para novos investimentos no próprio negócio se torna fundamental.
Para as grandes companhias, que geralmente são sociedades empresariais, existe a lei das S.A. (Sociedades Anônimas). Ela exige que uma parte dos lucros seja incorporada ao patrimônio líquido da empresa, em uma conta de reserva de lucro, com a finalidade de assegurar a operação da empresa ao longo do tempo, fortalecendo sua condição econômica.
No caso das micro e pequenas empresas, isso tem que ser por iniciativa própria, estabelecendo-se uma prática contínua de se reservar parte do caixa para essas finalidades.
Para se saber qual o valor a ser reservado mensalmente, primeiro é necessário apurar o resultado do negócio. Uma planilha simples, com o faturamento e seus custos associados e despesas fixas e variáveis da empresa já será o suficiente.
Sempre lembrando que o dinheiro da empresa não deve se misturar com o dinheiro do empresário ou empresária. Nessa planilha, coloque seu pró-labore — sua retirada mensal — e em outra você coloca suas despesas pessoais, para não ocorrer a chamada confusão patrimonial, quando o caixa da empresa se torna o mesmo que o pessoal, do empresário ou da empresária.
Após apurar o lucro líquido mensal do negócio, verifique quanto será possível reservar logo de início, para que esse valor possa cobrir ao menos seis meses das despesas, incluindo sua retirada, e também uma previsão de investimentos em curto e médio prazos.
Inicialmente pode ser que precise colocar um pouco mais, para chegar ao valor total, mas depois pode ir mantendo com um valor menor, assim que tiver a reserva constituída.
Esse dinheiro não deve ficar simplesmente parado em uma conta corrente, aguardando ser utilizado. Em economia existem três tipos básicos de remuneração: a do salário pelo trabalho, a do aluguel pela utilização de recursos naturais e máquinas e a dos juros, pela utilização do dinheiro.
O banco estará utilizando seu dinheiro e você deverá ser remunerado por isso. Assim, verifique quais as aplicações que melhor estejam remunerando o capital mês a mês, para que o dinheiro da reserva também traga resultados financeiros para a empresa.
Constituir uma reserva financeira trará mais segurança para o seu negócio e mais tranquilidade em momentos de crise, fazendo com que a possibilidade de insolvência seja minimizada. Parte dessa reserva também deve ser destinada a investimentos nas melhorias dos produtos e serviços, para evitar a perda de mercado para os concorrentes.
Rogério Araújo é gestor e consultor financeiro, especialista em investimentos, fundador da Roar Educacional Consultoria e líder educacional da corretora de investimentos Vítreo